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Meu nome é Mariana Gabriela Fonseca, prazer. Sou formada em Imagem e Som pela UFSCar (turma 2000 a 2003) e atualmente curso Ciências Biológicas na Unesp Rio Claro (Turma de 2007 até atualmente). Atuo como professora eventual na rede pública Estadual de ensino e tenho grande paixão pelo meu trabalho. Pretendo me formar na licenciatura e fazer pós graduação em Educação. Acredito em uma nova educação, diferente do que é hoje praticada nas escolas brasileiras. Para mim, o método de ensino em vigor é precário e obsoleto, não segue o fluxo das mudanças decorrentes de uma série de transformações sociais, econômicas, comportamentais e tecnológicas. Por isso, estou sempre procurando inovar em minhas aulas, mesmo que muitas vezes falhe e/ou caia no tradicional. Afinal, errando é que se aprende.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A morte e a cadeia alimentar

Dia desses fui chamada para dar aula de Ciências a uma quinta série. Fiquei imensamente animada, pois é raro me chamarem para dar aulas especificamente de Ciências ou Biologia, que é a minha área, digamos assim. Daí me empolguei, preparei todo um conteúdo sobre cadeia alimentar, introduzindo alguns termos científicos básicos (não vi muita saída nisso), passando por conceitos de vida uni e pluricelular, eucariotos e procariotos, os cinco reinos... e finalmente, a cadeia alimentar - estrutura básica, funcionamento, equilíbrio e desequilíbrio, heterótrofos e autótrofos, fatores bióticos e abióticos, ecossistema...
Para que eles pudessem compreender, tentei ser o mais simples possível em minha explicação, usar uma linguagem próxima ao que estão acostumados e para isso, comecei assim: "Toda cadeia alimentar tem um começo, meio e fim. Começa com os seres produtores, sempre: aqueles que conseguem produzir o próprio alimento. Daí vem aqueles seres vivos que comem os seres autótrofos, seguindo pelos que comem os que comem os autótrofos, e assim por diante. E sempre acaba com a morte de todos os seres vivos, porque todos os seres vivos morrem. Com a morte, vem a decomposição." é, foi mais ou menos assim que eu falei. Eles pareceram super interessados, deram palpites, tiraram dúvidas, opinaram. Coisas bem interessantes e engraçadas surgiram, como por exemplo, quando eu disse que fatores abióticos são aqueles que não são vivos, não respiram, não comem e nem se reproduzem e exemplifiquei com a luz solar, um dos alunos ficou indignado: "Professora, você está errada. O Sol tem vida sim". Outro, quando falei da produção de alimentos, me questionou se realmente as plantas não têm uma boca para comer. Pois bem, passados estes momentos iniciais, pedi que eles fizessem, em grupos de 5 alunos, um esquema de cadeia alimentar. Ficou a critério deles escolherem o ecossistema em questão - aquático ou terrestre - e os seres vivos que estariam envolvidos. Teria que ser feito na forma de um painel, com folhas sulfite que distribuí, e desenhos com legendas, indicando aonde começa e aonde termina, quem são os produtores, os consumidores, e os decompositores da cadeia desenhada. Muitas questões surgiram no período de desenvolvimento do trabalho: "Professora, como é uma lula? Como é uma alga? Quem come o elefante? Quem come o gato?", e assim por diante. Tentei esclarecer a maioria das dúvidas e mostrar a eles que não importava muito o desenho, mas sim o símbolo. Quando me entregaram os trabalhos, tive grandes surpresas. A que mais me intrigou foi o fato de muitos grupos terem levado ao pé da letra o fato de que a MORTE seja um elemento da cadeia alimentar. Sim, elemento. Um dos grupos desenhou a "Dona Morte", com foice e capuz, e a colocou como último consumidor da cadeia. Outro, finalizou a cadeia com a palavra MORTE... Ainda teve quem tenha feito os decompositores como sendo a representação da morte (com cruzes). Além disso, houve um grupo que não conseguiu de jeito nenhum classificar os elementos da cadeia : produtores, consumidores e decompositores. Outro, colocou um gato sendo comido por um cachorro (não, eu nunca disse que cachorros comem gatos, o aluno deduziu com base em "um desenho animado que vi um dia desses").
Pois bem, graça à parte, isso me fez colocar em questão a velha história: cuidado com a maneira que se explica um conteúdo a uma criança, pois elas acreditam ingenuamente e fantasiam sobre quase tudo. Fato. Quem poderia imaginar que quando eu disse a palavra MORTE, querendo me referir ao fim de um ciclo, decomposição e reciclagem de matéria, eles estariam em suas cabecinhas imaginando a "dona morte", ou ainda, atendo-se tanto a essa palavra. Ficou bem claro que esse foi o termo que predominou nos esquemas. Eles podem até ter se esquecido dos produtores, dos decompositores, mas grupo algum deixou de mencionar a "dita cuja". Agora fico aqui martelando isso, e me questionando muito sobre a maneira que escolhi explicar uma simples cadeia alimentar. Me culpo por ter cometido este erro, apesar de achar que não seja algo muito grave. Ficou um belo aprendizado, não sei se para eles, mas para mim. Errei, aprendi.

*Os desenhos ficaram lindos, qualquer hora escaneio alguns e posto como exemplo aqui.

2 comentários:

.Rol disse...

Ainda quero muito ver esses desenhos!! =)

Zé disse...

Não vi erro nenhum da sua parte, você fez um bom trabalho.

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