
A pausa, é notável. Não escrevo há meses, talvez um ano. E também houve um grande
break em tudo o que costumava fazer. Foi temporário. Por fim, a faculdade ficou suspensa. É , eu diria "trancada" mas eles insistem em dizer "matrícula suspensa" e até acho mais bonito assim. Me dá um mínimo de conforto por saber que não está abandonada, apenas em
stand by. É contraditório, pois ao mesmo tempo em que sinto calafrios em pensar no retorno, sinto angústia em não terminar. Foram 5 anos. O curso tem duração de 5 anos. Mas não, eu não estava no último ano. Tanto vai e vem dessa vida, obstáculos, entraves, problemas, psicológicos e também reais, aqueles da vida, que me enrolei. Muitas matérias que nem me matriculei. Outras não terminei. Algumas abandonei, e ficou D.P. Pulando de galho em galho, cada aula com uma turma, os desencontros com a expectativa e a realidade universitária......... Daí "tranquei". Foi bom, aliás, ótimo. No começo doeu, deu desespero, porque ahhh, a Biologia! Eu a amo, e ela sabe disso. Só precisávamos de um tempo. E eu, precisava de dinheiro. 30 anos completos em janeiro deste ano, e me vi obrigada, por mim mesma, por meus sonhos, a tentar buscar a tal independência econômica, para depois terminar os estudos. Pulei de emprego em emprego. Graças à minha primeira graduação, tenho algumas habilidades que me deram oportunidades razoavelmente boas de trabalho. Caí numa gráfica, como arte finalista, bem remunerada, carteira assinada, tudo certinho.... mas pra mim, certinho demais. Além do que, um "certinho" cheios de maçãs podres que só com o tempo a gente sente no ambiente. Ficou insuportável, em primeiro lugar pelo ambiente de trabalho massacrante, e segundo porque meu espírito comunicativo, minha ânsia por fazer algo além, pela sociedade, a ânsia de trabalhar em algo que me permita ser de certa forma livre, expor pensamentos, receber conhecimento, enfim... já sabemos onde quero chegar: sentia falta de dar aula. Não tem como, tá no sangue. Longe das salas de aula fiquei infeliz. Mas havia um obstáculo, e dos grandes: burocracia. Acontece que, como havia trancado a faculdade, achei que não pudesse dar aulas. E tinha esquecido, inclusive, que havia feito a tal prova anual, (como assim?! faço há 4 anos, e tinha esquecido de ter feito!) Reflexo do nó em que me encontrava. Por fim, arrumei um trabalho como professora de inglês, numa dessas redes de escolas "profissionalizantes". Não vou citar nomes e nem adentrar no assunto, pois causou um certo transtorno em minha vida depois. Só digo que dei aulas de inglês, era uma carga horária razoável - a não ser pelos sábados que era das 8 às 18:30h - e eu amava aquilo. Me sentia muito muito gratificada quando ia dar aula, mas que fique claro: POR DAR AULA. Me empenhei, levava músicas, filmes, atividades práticas, sempre criando, pesquisando, me empenhando... estudava bastante, a gramática, pra passar o que pudesse a eles, os alunos. Mas, mais uma vez, não deu certo e fiquei novamente sem emprego. Sem emprego, sem faculdade. Uma luz no fim do túnel surgiu: Cadastro emergencial de professores. É, a coisa está feia, e todos nós sabemos. A velha piada de "qualquer hora vão pegar qualquer um na rua pra dar aula" talvez não seja tão absurda. Literalmente, as escolas LAÇAM professores. Bem sei eu o quanto o eventual
camela, pingando de escola em escola, de turma em turma, cada hora uma disciplina, e os turnos.... bom, se bobear te ligam às 3 da manhã pra grantir que você vá cobrir as 18 aulas dos 5 professores que faltarão no dia seguinte. É, companheiros, rapadura é doce mas não é mole não... Aliás, essa rapadura nem é tão doce assim.
Mas voltando... fiz meu cadastro, mas desta vez, com o diploma de Bacharel em Imagem e Som.
Aha! A carta debaixo da manga. Meu bacharelado neste curso me rendeu categoria como professora de ARTE. Por sorte, e eu chamo de sorte pois foi um curso maravilhoso do jeito que foi, quando me formei era considerado um curso de ARTES e sendo assim... Bingo! Faturei! Aí sim, me senti radiante. No dia em que fiz minha inscrição passei na minha escola-sede e foi muito aconchegante, porque as pessoas, professores, funcionários e inclusive o diretor, me receberam de braços abertos, com saudades de mim!!! Cheguei a ouvir do diretor que as portas estavam sempre abertas para mim, pois sou uma professora excelente, dedicada e que "dá pra ver que tenho o dom - que está no sangue". (Uau, quantos elogios! rs rs) É, então no dia seguinte já tinha 9 aulas agendadas. Ah sim, o limite para professores é de 9 aulas no dia, mas veja bem.... não foram raros os dias em que cheguei a dar 13 ou 14 aulas num dia. Manhã, tarde e noite. Pensa: Entra às 7, tem 20 minutos de intervalo às 9:30, depois 20 minutos de ALMOÇO para entrar no turno da tarde... aí mais 20 minutos no intervalo da tarde... deu 18:00h, se vc der sorte, tem as duas primeiras da noite e só, e se for o caso engole um qualquer coisa que levou de casa, escova os dentes, fuma fuma, e entra na sala do noturno. Mas, pode ser que sejam aulas no meio da noite, daí vc pode até ir pra casa, tomar um banho, jantar como merece, mas o risco de se render à cama é grande. Ufff, só de pensar, cansei.
Uma pausa. Um café e água.